A Associação Jurídica do Porto em parceria com a Associação Sindical dos Juízes Portugueses - Direcção Sindical Norte e o Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados realizará o VII ciclo de cinema jurídico "A Justiça no Cinema", no Teatro do Campo Alegre no Porto, com debates subsequentes aos filmes, com a participação de convidados que exploram a temática dos filmes nas suas diversas vertentes promovendo também a participação do público.
Para este ano, a selecção de filmes é a seguinte:
Dia 9 de Maio de 2012
21H30
- O Barba
Azul / Monsieur Verdoux de Charles
Chaplin (1947)
Crónica negra sobre os negócios
de Henri Verdoux, que, após perder o emprego num banco, após
35 anos de trabalho, desenvolve uma personalidade maníaca e começa a cometer
assassinatos em série, acabando por sustentar a sua
família através da sedução de ricas viúvas e mulheres com poupanças, num golpe
de baú que acaba com as suas vítimas assassinadas. É uma tarefa em que ele
revela um talento insuspeito...
O
próprio Chaplin considerava «Monsieur Verdoux» o seu filme mais brilhante de
sempre. Contudo, este será o filme mais negro de Chaplin. É mais um filme de
Chaplin bem à frente do seu tempo (tal como o subvalorizado «King in New York»)
que marca a transição do vagabundo de «Tempos Modernos» para um novo registo
chaplinesco: o fanfarrão charmoso em pose de Burguês. A ideia foi comprada a
Orson Welles e tem realização de Chaplin que é «director», produtor, compositor
musical, argumentista e, já agora, protagonista. Obra-prima.
No
final, Verdoux acaba sendo preso e levado a julgamento, sendo condenado a
morte. Antes de morrer, Verdoux faz um emocionante discurso afirmando que a
guerra matou e foi mais cruel que ele. O filme termina mostrando Verdoux sendo
levado a área de execução.
Dia 16 de Maio de 2012
21H30
- O Caso
Pinochet / Le Cas Pinochet, Patrício Guzman (2001)
Em
1998, o general Pinochet faz uma viagem de férias a Londres. Lá permanecerá por
mais de 500 dias. Por mandato do juiz espanhol Baltazar Garzón, fica em prisão
domiciliar. Patrício Guzman decide então realizar um documentário a respeito
deste facto único na história: um ditador é perseguido pela justiça
internacional 25 anos depois de sua tomada de poder.
Dia 23 de Maio de 2012
21H30
- Isto Não é um Filme / In Film
Nist de Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb (2010)
Preso pela primeira vez em Julho de 2009, Jafar Panahi teve o
passaporte apreendido e foi proibido de sair do Irão. Preso novamente em Março
de 2010, ficou encarcerado na prisão de Evin, em Teerão, até finais de Maio,
saindo sob uma fiança de 145 mil euros; em Dezembro desse mesmo ano, foi
condenado a seis anos de prisão e vinte anos de proibição de filmar e de sair
do país.
Agora, a aguardar, em prisão domiciliária, o veredicto ao
recurso interposto pelo seu advogado, Panahi e outro cineasta iraniano, Mojtaba
Mirtahmasb, decidem "contar" um filme. Assim, usando um tapete como
maqueta, Panahi desenha um cenário imaginário construindo um filme onde
demonstra o poder do cinema contra a repressão e liberdade de expressão, seja
no Irão ou em qualquer outra parte do mundo.
Devido às restrições do
realizador, este filme, em competição em Cannes 2011, chegou numa
"pen" USB escondida dentro de um bolo.
Jafar Panahi foi também homenageado na última edição da
Berlinale, onde foram exibidos todos os seus filmes. Uma vez que não lhe foi
possibilitada a deslocação a Berlim, como também não tinha sido em Cannes, a
sua cadeira de júri foi mais uma vez deixada vazia como manifestação de pesar.
Dia 30 de Maio de 2012
21H30
- A Sede do Mal /
Touch of Evil de Orson Welles (1958)
Crime e corrupção na polícia. A
partir de uma banal história de literatura policial (um detective investiga um
assassínio na fronteira mexicana), Welles constrói um filme negro à volta de
uma viagem ao submundo do crime e da corrupção, uma viagem sem regresso aos
meandros obscuros da psique humana. Filme de 1958, com magníficas
interpretações de Charlton Heston, Janet Leigh, Marlene Dietrich e o do
próprio Welles.
A Sede do Mal, foi o
último grande film noir, enquadrando-o na época clássica deste género que vai
desde os inícios dos anos 40 até finais dos anos 50. O realizador é Orson
Welles que interpreta a personagem Hank Quinlan, um polícia corrupto, uma
personagem sórdida que envolve a investigação que leva a cabo na decadência da
sua própria vida, habituado a viciar os dados a favor da sua vontade.
Em
termos formais, este é talvez o filme visualmente mais rebuscado e barroco da
filmografia de Orson Welles (mesmo contando com os expressionistas “O
Processo” e “Macbeth”). Welles ensaia nesta obra alguns dos mais
inovadores movimentos de câmara (como o longo plano-sequência inicial), ângulos
de filmagem, ritmo de montagem, fotografia.
Um
filme grandioso e excessivo, uma obra para a imortalidade das imagens em
movimento.