Já quase todos ouviram a história: o pai deixou a filha à porta de uma loja chinesa e aguardou no estacionamento. Após uma longa espera, procurou-a no interior da casa comercial, mas ninguém a tinha visto. Num gesto de desespero, chamou a polícia, que, ajudada por cães treinados, conseguiu detectar a jovem. Estava escondida numa zona obscura, de acesso por alçapão, e em várias partes do seu corpo havia marcas enigmáticas. A jovem é libertada... pouco antes de ser "morta para tráfico de órgãos".
A mensagem navegou na Internet, reenviada de amigo para amigo, daqui para um conhecido, e não tardou a correr de boca em boca por cidades e aldeias. Como qualquer boato, muitas vezes repetido, torna-se em "verdade". Uma verdade construída, ampliada pelo medo.
E o que há, afinal, de verdade nesta história? Nada. Estamos perante um mito urbano, sustentado num rumor. Neste relato de tráfico de órgãos até entra a polícia, uma técnica usada para dar credibilidade. Contactadas pelo DN, as forças de segurança desmentem ter sido chamadas a qualquer loja chinesa. No departamento de relações públicas da GNR conhecem a mensagem, mas na sua área de jurisdição nunca foi solicitada a presença em casas comerciais de asiáticos. "Até à data não temos qualquer registo", esclarece o major Damião Ferreira, do Comando do Carmo da GNR, que cobre toda a região norte. Da Polícia Judiciária, resposta no mesmo sentido: "Não há qualquer investigação ou processo de investigação sobre essa matéria."
Continua na edição de hoje do DN Online
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