sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

JUSTIÇA COMUNITÁRIA

Decorreu ontem um dos melhores jantares-debate dos muitos que têm sido promovidos pela AJP, subordinado ao tema “Justiça Comunitária. O Espírito e o Método” tendo como orador o Dr. José Narciso Cunha Rodrigues, Juiz do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.

A abordagem do tema efectuada pelo Sr. Conselheiro foi muito interessante, merecendo referências elogiosas de todos os presentes, seguida de um debate muito participado e esclarecedor, sendo feita a alusão de vários casos que o Tribunal de Justiça teve oportunidade de decidir, demonstrando-se na prática que o tribunal não estabelece simplesmente normas entre os Estados, mas que, para além destes últimos, dirige-se plena e directamente aos seus cidadãos protegendo os direitos que a legislação comunitária lhes confere em diferentes aspectos da sua vida quotidiana.

Sem pretender fazer qualquer resumo da intervenção, destaco a nota de que deverá existir uma maior sensibilização dos meios jurídicos e económicos portugueses para a importância do direito comunitário, traduzida num número significativo de acções e recursos interpostos por cidadãos e empresas portuguesas e de pedidos de decisão prejudicial submetidos por tribunais portugueses ao Tribunal de Justiça. O acesso à justiça comunitária e a plena afirmação do direito comunitário em Portugal passam em larga medida pela forma como os tribunais nacionais, na sua qualidade de órgãos jurisdicionais comunitários de direito comum, souberem assegurar a tutela jurisdicional conferida pela ordem jurídica comunitária. Com efeito, como foi sublinhado pelo ilustre orador convidado, importa não esquecer que os tribunais nacionais são os verdadeiros "juízes de direito comum" do direito comunitário, uma vez que têm a missão de o aplicar no quadro das respectivas competências e de garantir os direitos que o direito comunitário confere aos seus cidadãos.

Em nome da Direcção da AJP renovo os agradecimentos ao Dr. Cunha Rodrigues que é sem dúvida uma referência entre os seus pares pela sua grandeza intelectual, erudição e eloquência, sentido de humor e afabilidade.

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