sábado, 27 de maio de 2006

Com afecto Sem açúcar


"Como se não bastasse a maioria dos portugueses não gostar de si próprios e andar pelas esquinas a dizer mal de tudo e de todos, num permanente exercício de má língua, e quase auto-flagelação, temos periodicamente os relatórios europeus e alguns dos “génios” mundiais a fazerem coro.
Só na semana que hoje finda tivemos dois mimos: o estudo feito pelo Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO) a concluir que as forças policiais portuguesas não só não têm meios para combater a corrupção, pelo que o trabalho de combate a este crime tem tido nota negativa, como todos sabemos, não era preciso nenhum relatório comunitário a concluir o óbvio..., e o presidente da General Electric, Jack Welch, um dos gestores mais prestigiados e admirados do mundo, a afirmar que “Portugal é visto no estrangeiro como um país em contínua degradação e declínio”. Mais: afirmou ser “humilhante para os portugueses” esta percepção.
É verdade. É humilhante. Nós sabemos, mas uma coisa é os os portugueses dizerem que o País está uma lástima, que faltam perspectivas no presente – já nem falo no futuro que se apresenta cada vez mais longe -, que reina a confusão na Administração Pública, que tardam as Reformas na Justiça, na Educação, na Saúde, se bem que aqui há novidades dirigidas ao reino todo poderoso das farmácias, que a economia não avança, etc. etc., outra coisa é um norte-americano vir ao nosso País confirmar tudo isto. É diferente porque talvez assim os responsáveis por esta nossa imagem externa e interna acordem para a realidade já que quem o diz é um dos gurus da gestão mundial
Welch, que participou em Lisboa num encontro promovido pelo Fórum para a Competividade, apontou o dedo às empresas portuguesas acusando-as de serem “demasiado estáticas”, pouco dadas à “experimentação”, tendo sublinhado o papel importante que cabe ao Governo na criação de “um ambiente favorável ao empreendedorismo e à competitividade sustentada”.
Mais: o distinto norte-americano diagnosticou falta de competividade fiscal e de qualificação dos recursos humanos, tendo defendido a necessidade de um “Estado mais responsável e mais sóbrio na utilização do dinheiro dos contribuintes”, dizendo lamentar que Portugal se mantenha, ao longo de anos seguidos na cauda da Europa desenvolvida.
Não tenho o gosto de conhecer pessoalmente Jack Welch, mas tudo isto já nós sabemos, no entanto, como o senhor Primeiro Ministro é sensível aos norte-americanos, ricos, muito ricos, como se comprovou aquando da recente visita de Bill Gates a Portugal, pode ser que a sua voz soe mais alto e seja escutada lá para São Bento – que é nome de santo que anda a faltar ao trabalho, já que milagres não feito!"
Nassalete Miranda

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