"O mítico café Piolho, no Porto, reabriu sexta-feira à noite após três meses de obras com uma tertúlia que visou deixar claro que não está disposto a perder os «pergaminhos» acumulados durante décadas.
Apesar de só abrir oficialmente ao público na segunda-feira de manhã, o Piolho - de seu verdadeiro nome Âncora D'Ouro - decidiu mostrar esta noite que pretende manter a sua tradição de tertúlias e debates, chamando para falar perante uma sala quase cheia o jornalista Germano Silva, especialista em história do Porto.
Edgar Gonçalves, que explora há 27 anos o Piolho, explicou à Lusa que esta fórmula foi adoptada para deixar claro que o café está disposto a manter, mesmo que com o físico remodelado, a alma que sempre o caracterizou.
«Durante as obras ouvia várias vezes, à porta, pessoas a dizerem que o Piolho tinha morrido. Eu ia ter com elas, mesmo sem as conhecer, e fazia questão de lhes explicar as obras que estávamos a fazer, para que percebessem que isso não ia acontecer», disse.
Apesar de algumas mudanças de fundo, como a demolição da parede que separava o café do pequeno restaurante que explorava em anexo - o que quase duplicou a área do Piolho tradicional - o café mantém muito do que sempre o caracterizou, nomeadamente as colunas douradas e a velha ventoinha no tecto.
As cadeiras, apesar de novas, são uma cópia das antigas, com a mesma âncora em relevo no seu espaldar, e as mesas mantêm o alinhamento em longas filas que sempre caracterizou a sala.
No fundo, num nicho que até às obras estava escondido por um espelho, prateleiras mostram velhas máquinas registadoras e de café usadas «no antigamente», mesmo ao lado de uma nova televisão de écran plano que substitui o velho aparelho.
Edgar Gonçalves garantiu que, à semelhança do que sempre aconteceu, o Piolho estará aberto a todo o tipo de iniciativas - no passado já incluiu candidaturas presidenciais, debates partidários, tertúlias intelectuais e políticas e simples bebedeiras de estudantes.
Confrontado com o facto de o Piolho ter perdido o ar «degradado» que o caracterizava, Edgar Gonçalves respondeu sorrindo:
«cabe agora às pessoas continuarem a vir cá degradá-lo»."
Diário Digital / Lusa
1 comentário:
Para quando uma tertúlia da AJP no Piolho?
Este é um lugar mítico da cidade e por ficar cerca do Palácio da Justiça já ouviu muitas histórias de julgamentos e peripécias judiciais.
Carlos M. Costa
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